Os filhos de Teresa e Antônio, e a ficha caiu

    

Os quatro filhos mais novos de Antônio e Teresa, foto tirada aproximadamente em 1981.

    Também, não posso deixar de falar sobre o dia que a amiga do meu irmão morreu, eu tinha onze anos de idade, ele estava trabalhando e lembro de minha mãe pediu para eu ir até o bar telefonar. Era um telefone público “orelhão” que tinha dentro do bar, que sempre usamos, pois não tínhamos telefone em casa.

Eu nunca tinha dado nenhuma notícia dessas a ninguém e nem sabia o que dizer. Do caminho de casa até o bar eu fui ensaiando em como dar a notícia. Lembro de pensar que simplesmente falar “fulano morreu” seria muito triste. 

Queria eu dar um tom de alegria à notícia, que era muito trágica. Pois ela morreu afogada, foi num passeio de fim de ano com a turma do Colégio até o litoral paranaense e meu irmão só não pode ir, porque trabalhava.

Chegando lá, coloquei a primeira ficha e pedi para falar com o Márcio. As fichas foram caindo e nada do meu irmão atender o telefone, estava preocupada já com a última ficha presa e logo desceria e seria o fim da ligação. Com certeza minha mãe teria brigado comigo se chegasse em casa sem ter dado a notícia.

Estava já ficando desesperada, até que meu irmão atendeu. Eu, querendo dar a notícia, que era triste, mas eu queria deixá-la mais alegre e a pressão daquela ficha quase que dizendo “ou fala logo, ou desligo”. 

Então eu falei, assim que ouvi a voz do meu irmão: “Márcio, adivinhe quem morreu…” Meu irmão conta até hoje que ficou apavorado naquele instante, mas que foi um misto de pavor e raiva. 

Aprendi que não adianta tentar florir, se a notícia é ruim e tem que ser dada, deve ser dita como de fato é. Mas hoje, nós rimos dessa história.




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