A GENEALOGIA DAS FAMÍLIAS ROCHA E RODRIGUES A HISTÓRIA DE ANTONIO E TERESA

“…como era e é a vida de cada uma das pessoas que aqui aparecem. Feitos dos mesmos sonhos, ilusões, projetos e lágrimas que os nossos, que hoje somos a home page, e amanhã seremos mais um dos ramos desta árvore... E isso me fez amá-los mais... não só porque são minha família, mas porque percebo que independente da relação mais ou menos direta, todos os seres que passaram por este mundo tiveram e têm os mesmos sentimentos e ilusões e merecem o mesmo respeito e amor que devemos ter por nós mesmos…”

Martin Romano Garcia (traduzido do espanhol)


A história de Antonio e Teresa

Este blog foi dividido em duas partes: Parte I que será apresentada a genealogia de Teresa (subdividida em  IX capítulos e Parte II que será apresentada a genealogia de Antonio (subdividida em V capítulos). Seguindo cada tronco com comprovação de suas existências.

Na parte I tem as subdivisões dos capítulos por temas e em cada tema tracei a linha genealógica estudada, comprovando a filiação, começando do mais antigo para o mais novo. Os Temas da Primeira Parte são: Os Judeus Sefarditas, a guerra das famílias Pires e Camargo,  Os Índios que aqui habitavam, os bandeirantes (e também os povoadores do Paraná), a origem do sobrenome Rocha  na família, sua entrada no Brasil e dentro destes capítulos citei os primos  que  se casaram, ao menos o que consegui identificar. Traçando a linhagem materna e paterna de Teresa separadamente.

Na Parte II os capítulos foram subdivididos nos temas sobre as imigrações Açoriana e Alemã no Sul do Brasil, sobre a origem do sobrenome Rodrigues  na família, sua entrada no Brasil, sobre o Judeu Sefardita encontrado também na genealogia de Antônio e sobre a linhagem até o clã Drummond, na Escócia. Traçando a linhagem materna e paterna de Antonio separadamente.


A história de Teresa e Antônio começa mesmo antes de se conhecerem, quando Teresa, triste por ter perdido o namorado, desiludida, por saber que ele iria casar-se com outra mulher, foi até uma “benzedeira” que também lia a mão, era conhecida como “Maria das Quinta” (conhecida por este nome porque só atendia às quintas-feiras). Esperava ouvir algo que lhe desse forças para enfrentar a desilusão de um amor perdido. E foi o que encontrou quando “Maria das Quinta” disse: “Minha filha, esquece esse rapaz, ele não é pra você. O seu amor está a caminho. Tem cabelos escuros e está vindo a seu encontro, ele irá passar por águas profundas antes de te encontrar”. Dito e feito, tempo depois, quando Teresa trabalhava na Empresa Fiat Lux, conheceu Antônio, que chegara há pouco tempo em São José Pinhais, Paraná, vindo de Paulo Lopes, Santa Catarina (havia ele atravessado a ilha de Florianópolis, isto é, por águas profundas). 

Antonio, havia deixado seus pais, irmãos, toda a sua família em Santa Catarina e veio ao Paraná ficar na casa de seu tio e padrinho (Martins) em São José dos Pinhais (cidade onde Teresa morava e tinha nascido). Antônio contou que onde morava o clima era muito quente e não fazia muito bem a sua saúde, então veio para um lugar mais frio. Onde também tentava a sorte, em uma nova vida em busca de emprego, Antônio queria encontrar novas oportunidades de trabalho. E foi assim que o destino uniu Antonio e Teresa.


Se casaram no dia 11/03/1961, em 15/01/1962 nasceu sua primeira filha, eles tiveram sete filhos: Sônia (casada com Paulo), Jucemara (casada com Renato), Maria (viúva de Luiz José), Marcos (casado com Sheyla), Roseli (casada com Roberto), Marcio (casado com Berenice) e Rosicléia (casada com Rafael). Desta união, até a presente data, tiveram nove netos: Simone (casada com Arilson), Michele (casada com Aureliano), Marcos Paulo (casado com Patricia), Marlon (casado com Josi), Bruna (casada com Aroldo), Brenda, Guilherme, Rodrigo e Rafaela (estes dois últimos falecidos ainda bebê) e dez bisnetos: Ana Beatriz (casada com Junior), Allana, Antônia, Haylla, Amanda, Alex, Davi, Ana Carolina, Vinícius e Eduarda (estes três últimos,  falecidos ainda bebê) e um trineto: Alisson e enquanto escrevo este blog, tem mais um trineto a caminho: Antony.

Antonio faleceu em 02/08/2004, dos netos, não conheceu o Guilherme e dos bisnetos, conheceu apenas  a primeira: Ana Beatriz. Teresa, aos oitenta anos, é quem nos ajuda a contar um pouco desta história.

Alguns fatos marcam nossa história e muitas vezes definem quem somos. Da forma possível, contarei alguns fatos que ficarão registrados e imortalizados nestas palavras.

A infância de Teresa é muito lembrada por ela, principalmente dos momentos em que ela com cinco anos, tinha que ir com o irmão até a mina d’água, buscar água para o pai e a mãe que logo chegariam da roça, cansados. Com uma lata traziam os dois, a água tão necessária para o banho e a comida, que sua mãe logo faria no fogão à lenha. 

O sustento era tirado da roça, plantavam muito, porque as terras não lhe faltavam, mas o resto era precário. O que não plantavam, faziam troca com outras famílias que também viviam da roça e assim, poderiam diversificar o alimento. Assim, como a carne que vinha do abate de galinhas e porcos. Cabras ou vacas eram para o leite e raramente abatidas. 

Teresa teve uma infância difícil, emendava suas brincadeiras com a obrigação de cuidar da casa para os pais poderem trabalhar (comum para as crianças da época).

Assim, como a de Teresa, a infância de Antônio também foi sofrida, porém ele não contava muito sobre as brincadeiras de sua infância, por isso não pude escrever. Desde muito pequeno trabalhava para ajudar os pais. Tanto na roça, como também, ajudando na criação dos animais, sendo um homem com muitas responsabilidades, mesmo ainda criança. 

 Das brincadeiras que Teresa se recorda, a que mais sente orgulho em contar, é a de quando as crianças próximas da sua casa, se juntavam para brincar nas copas das  árvores, subiam e iam de árvore em árvore pelos cipós, brincando de pega-pega. Conta que não sabe como nunca nenhuma criança quebrou algum membro, pois as árvores eram altas. Antes que seus pais chegassem em casa, ela e seu irmão mais velho, saiam correndo para casa, para realizar suas tarefas. 

Tinha uma ribanceira, onde atravessavam pelos cipós daquelas árvores altas (feito balanço) e quando seu pai viu aquilo, ficou preocupado que uma das crianças  morresse, então cortou os cipós da árvore. Mas no dia seguinte, lá estavam as crianças, tentando puxar mais cipós que ficavam presos mais pra cima na árvore, pra ver se rendia mais um salto pelo penhasco.

Outro fato marcante na sua infância, foi quando, com onze anos, havia colocado um vestido branco para sua primeira comunhão na Igreja, porém, como o vestido era largo, sua mãe colocou-lhe um alfinete, segurando o vestido próximo à cintura.

Antes de chegar à Igreja, já faziam a via-sacra: o caminho era longo por meio da mata, passando por pontes improvisadas com toras de árvores, se não quisessem cair na lama. Pelo caminho, passavam pela vizinhança agregando outras crianças que fariam o mesmo percurso e assim o iam em comitiva. 


Estava Teresa com seu vestido novo (talvez já fosse usado mas para ela era novo) quando  uma das crianças avistou uma cobra e gritou para todas as outras se afastarem. Como é normal de criança, saíram todas correndo e gritando, quando Teresa foi correr, tropeçou  na raiz de uma árvore e caiu. Ao cair, sentiu a barriga arder, como se tivesse levado uma picada e então ela gritou: “a cobra me pegou!”, eu fui picada! 

As crianças se desesperaram e lembravam que ali perto tinha o “Boteco do Manoel Barão”. Então, abraçaram Teresa, meio que carregando ela e lá chegaram gritando: “A Nêne foi picada por uma cobra, ajuda!”. Então, o seu Manoel chamou a esposa que levou Teresa para o quarto, tinha que tirar o vestido para ver onde a cobra havia picado. Quando ambas ergueram o vestido, conseguiram ver o alfinete fincado na barriga de Teresa.

Teresa teve um ataque de risos (talvez pelo nervosismo também, ou o alívio de não ter sido uma cobra). “A picada da bicha era um alfinete!”, era o que dizia (em meio ao ataque de riso) aos amigos preocupados com sua saúde. 


                
Outro fato curioso, foi quando Antônio, recém casado com Teresa, havia pego o dia de folga e naquele dia, Teresa estava trabalhando. Quis agradar-lhe fazendo o jantar. Mas como era comum na época, os homens não sabiam muito sobre os trabalhos relacionados à cozinha. 

Então, Antônio, foi cozinhar o arroz e não sabia que o arroz ao ser cozido, aumenta de tamanho. Assim, colocou um pacote de arroz, numa panela pequena e enquanto ia cozinhando, o arroz ia crescendo e caindo da panela. Já não sabia o que fazer, já tinha as quatro (e únicas panelas) cheias de arroz e aquele arroz ainda crescendo pra fora da panela. 

Começou a comer, pois já tinha as panelas cheias de arroz (foi só o que pôde cozinhar por falta de panela) e quando Teresa chegou, viu o marido com a “pança cheia” e que lhe disse: “Ai Teresa, não aguento mais comer arroz”. Ainda hoje, nos almoços de família, esta história é lembrada. 

Assim, como a história de quando Teresa e Antônio foram ao restaurante (que para eles, o fato de ir ao restaurante era algo “chique” ) e lhes foi servido coxa de frango frita. Teresa não queria fazer feio no restaurante, então usou garfo e faca para comer a coxa de frango. 

Quando tentou cortar, o animal (ou parte dele) saiu “voando” até o bolso de um paletó que estava apoiado na cadeira da mesa à sua frente.

Talvez fosse um advogado, um juiz, ou até mesmo um delegado, pensou ela. E agora, estava aquele homem, carregando “furtivamente” uma coxa de frango frita no bolso do paletó, sem pagar. 

Teresa e Antônio se olharam e não conseguiram colocar mais nada na boca, apenas lhe saíam risos e mais risos. Estavam ambos tendo um ataque de risos naquele restaurante, saíram quase como quem sai querendo fugir de alguém, mas na verdade estavam fugindo de suas gargalhadas, que foram altas, quando atingiram a rua.

             

A vida de Teresa e Antônio não foi fácil, sempre tiveram que trabalhar muito para poder sustentar os sete filhos e ainda pagar o terreno que compraram logo que casaram. 

Antônio, após sair da Fiat Lux, depois de mais de 15 anos trabalhando na mesma empresa, foi trabalhar como mecânico de tratores e soldador. Nesse emprego ficou até a sua aposentadoria e além dela, pois mesmo aposentado continuou trabalhando.

Mas, o Antônio, com o macacão sujo de graxa e cheirando a óleo queimado é quem eu me lembro bem, pois sou a caçula dos sete filhos.


Andando com as mãos nos bolsos, assobiando e cantarolando: “nananinanee… bate coração… bate coração…”
… E o seu coração parou de bater nas mãos da médica que o socorreu… 
Aos dois dias do mês de Agosto do ano de 2004, na Santa Casa de Misericórdia de Curitiba.

Abaixo, caso tenha interesse, assista ao vídeo publicado pelo Family Search Brasil. Toda Família Tem Uma História Qual a Sua - RootsTech 2014


Comentários

  1. Q linda história, ao ler lágrimas cai por um misto de sentimentos parabéns 👏👏

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