Os filhos de Teresa e Antônio, passeio ao Guatupê

Academia Policial Militar do Guatupê, São José dos Pinhais.
Estabelecimento de Ensino Superior fundado em julho de 1931.

     Mesmo sendo a caçula, também presenciei algumas dificuldades, os tempos ainda eram difíceis. Lembro de estar no final do primeiro ano fundamental e que faríamos um passeio com a escola até o Guatupê (Academia Militar do Guatupê em São José dos Pinhais).

A professora disse que era pra todos irem de camiseta branca no dia seguinte, para podermos ir ao passeio. Eu só tinha uma camiseta branca, toda rasgada, mas era branca.

No dia seguinte, me arrumei pra ir pra escola e coloquei a camiseta, minha mãe viu e disse que não era pra ir com aquela camiseta, que era velha e rasgada. Mas, como eu sempre fui muito certinha (e teimosa) insisti e fui com a camiseta. Lembro de estar na fila (agrupamento em fila que as crianças tinham que fazer antes de entrar no ônibus) e os meninos apontavam pra mim e riam, dizendo que eu tinha ido pra guerra. Mesmo eles rindo, eu não me importava, pois estava de acordo, conforme a professora havia pedido: camiseta branca.

No dia seguinte, ganhei uma sacola de roupas, de uma menina da minha sala que contou para sua mãe  e a mesma, separou algumas roupas e pediu que a professora me entregasse. Cheguei em casa muito feliz, pois tinha ganhado roupas novas. Minha mãe ficou furiosa, queria que eu devolvesse as roupas, mas como eu era realmente teimosa, não devolvi e usei por alguns anos ainda.

Nesse passeio ao Guatupê ocorreu outro fato que considero engraçado. Tínhamos que levar lanche pra fazermos um piquenique. Éramos eu, meu irmão Márcio que estava no 4º ano e minha irmã Roseli, que acredito que estivesse no 6º ano. Então, minha mãe deu dinheiro pra minha irmã comprar algo pra levarmos, mas o dinheiro não era muito e minha irmã quis economizar e comprou uma garrafa de um litro, casco de vidro, da gasosa Cini (não me lembro se era de framboesa ou de abacaxi). 

Então, teve toda uma estratégia, arquitetada pela minha irmã, para que os três pudessem tomar o refrigerante. Primeiro ela tomou, deixou mais da metade e levou a garrafa até onde estava a turma do meu irmão. Este, tomou mais um pouco e correu para ver onde estava a minha turma e me entregou a garrafa.

Lembro que já estava lanchando e eu estava comendo o pão que tinha levado. Quando vejo meu irmão, que largou rapidamente a garrafa e falou: “leva depois o casco de volta pra casa” e correu em direção a sua turma, que devia estar bem longe, pois eu não os vi. Parecia que ele estava numa daquelas corridas de bastão, que larga o bastão pro companheiro e sai correndo.

E lá estava eu, cuidando de um casco de refrigerante, como quem cuida de uma boneca, carregando ele pra lá e pra cá, porque ele tinha que retornar pra casa e esta era a minha responsabilidade.




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