PARTE I A História, Francisco de Paula Dias Negrão

         

    Não posso deixar de citar também, Francisco de Paula Dias Negrão, que nasceu  em 1871 e morreu em 1937. 1º Ocupante da Cadeira 10 da Academia Paranaense de Letras. Foi pesquisador que se debruçou sobre um grande conjunto de documentos (o patrimônio documental da Câmara Municipal de Curitiba é hoje um dos mais completos e conservados do país) e publicou obras fundamentais. 

    Ao longo de 26 anos, o pesquisador transcreveu manualmente o conteúdo de toda a documentação pública produzida em Curitiba, da fundação em 1693 até o ano de 1932, quando encerrou as pesquisas.

    Na virada do século XIX para o XX, vários intelectuais paranaenses se engajaram em torno da valorização da cultura local, mais especificamente em torno da criação de uma identidade local – sentimento coletivo que inexistia até aquele momento pelo simples fato de que, durante décadas, o Paraná foi um apêndice da Província de São Paulo, desprovido de recursos e repleto de desafios como o clima e a geografia. 

    Escritores, pintores, músicos e, principalmente, historiadores passaram a exaltar o Paraná, num movimento que ficou conhecido como “Paranismo” e agregava muito das ideias então reinantes (como o positivismo). Francisco Negrão estava entre eles, mas sua contribuição extrapolou o Paranismo e acabou se transformando numa referência obrigatória para todo o povo paranaense.

    Essa pesquisa gerou seis volumes conhecidos como “Genealogia Paranaense”. Nas palavras do pesquisador Ricardo Oliveira (que foi meu professor, de Ciência Política no Curso de Ciências Sociais na Universidade Federal do Paraná), em sua participação no Congresso Internacional Pequena Nobreza nos Impérios Ibéricos de Antigo Regime (Lisboa, 2011), a Genealogia Paranaense é “uma prosopografia do senhoriato das vilas de Paranaguá e Curitiba, um grande inventário demográfico e genealógico da região”. O primeiro volume da "Genealogia Paranaense" saiu em 1926, aparecendo até 1929 um novo volume a cada ano. 

 (https://www.curitiba.pr.leg.br/informacao/noticias/francisco-negrao-e-as-atas-da-camara). 

Referência: “O Silêncio das Genealogias – Classe Dominante e Estado no Paraná (1853-1930)”, de Ricardo Costa de Oliveira. Tese de Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Estadual de Campinas, em 2000.


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