PARTE I A História, São José dos Pinhais

 

Quadro - Família de índios botocudos, retratada por Debret (1834).

         Para falar na Genealogia de Teresa, é necessário falarmos também, sobre a história da cidade onde ela nasceu, assim como muitos dos seus antepassados, seus filhos, netos e bisnetos. 
       
     Antes dos europeus chegarem por estas terras, já tinham os vários povos indígenas que circulavam o território paranaense, cerca de 8.000 a.C. As provas materiais dessas origens são encontradas nos sambaquis do litoral paranaense, nas pinturas rupestres nos Campos Gerais e em achados arqueológicos. Este é o caso de ferramentas e objetos encontrados em São José dos Pinhais, nas proximidades da indústria Renault, datados pelos pesquisadores da UFPR de 1.500 anos.

    Já os botocudos, ao contrário da fama dócil dos carijós, eram muito hostis e tiveram várias indisposições, tanto com os colonizadores no século XVI e XVII, quanto com os imigrantes europeus que trafegavam no caminho dos Ambrósios (até 1951 a região dos Ambrósios, que hoje pertence ao Município de Tijucas do Sul, fazia parte do território de São José dos Pinhais) ou enquanto estavam nas colônias.

     Segundo os estudos arqueológicos, nesta região do Paraná viviam dois grupos étnicos indígenas: os tupi-guaranis, provavelmente os tupiniquins e os carijós, que viviam mais na região litorânea e de serra, ou seja, na floresta tropical e subtropical, e os botocudos (como se convencionou chamar por aqui as comunidades indígenas da família Jê), que circulavam mais na região do planalto.

    Até o início do século XVII o território brasileiro foi explorado pelos portugueses apenas na extensão do seu litoral. Isso se deve a dois motivos: primeiro, porque devido ao Tratado de Tordesilhas, firmado entre Portugal e Espanha desde 1494, cabia o lado leste do Continente americano para Portugal e o oeste para a Espanha, de acordo com uma linha imaginária, e o que corresponderia aos portugueses sobre o Paraná mal chegava a Paranaguá; o restante, inclusive o território que viria a ser São José dos Pinhais, era espanhol; segundo, porque Portugal até então não estava interessado em investir no Brasil. 

    Foi a descoberta de ouro em Paranaguá pelos bandeirantes no século XVII que fez com que a Coroa Portuguesa mudasse de ideia.

    Por causa do ouro, surge em Paranaguá um povoado. Apesar de se ter encontrado ouro em pequena quantidade, foi o suficiente para atrair aventureiros de toda a parte da colônia. Tal foi a importância da descoberta que a Coroa Portuguesa decidiu transformar Paranaguá em Vila (como era chamado um Município no Período Colonial) em 9 de janeiro de 1649.

    Eleodoro Ébano Pereira, não satisfeito com o ouro encontrado em Paranaguá, decide realizar duas expedições na busca de mais fontes do minério, uma em 1649 e outra em 1651. Descobre-se, assim, ouro em rios do Planalto.

    Um deles foi o rio Arraial, na região nordeste do atual Município de São José dos Pinhais, na divisa com Morretes. O local ficou conhecido como Arraial Grande e tinha um caminho muito utilizado pelos nativos na época, servindo de ligação terrestre entre o litoral e o planalto de Curitiba.

    A carta de Lourenço Ribeiro de Andrade: “no lugar chamado até hoje de Arraial Grande, de onde é tradição que foram as primeiras mostras de ouro e pedras gravadas, deles, enviadas, a sua Majestade pelo ano de 1648”. [...] O quantitativo “Grande”, provavelmente foi acrescentado para diferenciá-lo dos demais, surgidos com a descoberta de outras minas (MOREIRA, 1972, p. 88-89).

    A Ébano Pereira, deve-se, sem dúvida, o trabalho de exploração mineira do planalto, o achamento de ouro, a arregimentação dos mineiros dispersos por arraiais diversos, sobretudo naquele do Arraial Grande (São José) (WESTPHALEN, 1995, p. 105).

    Os pesquisadores da Universidade Federal do Paraná – UFPR, Maria Cristina Colnaghi, Francisco de Borja Baptista de Magalhães Filho e Marionilde Dias Brepohl Guimarães, que descrevem na obra São José dos Pinhais: a trajetória de uma cidade (1992), acreditam que foi com Baltazar Carrasco dos Reis (ancestral de Teresa) por volta de 1660, que se deu o início da exploração do ouro no Rio Arraial e a formação de um povoado.

    As lavras do Arraial Grande foram um dos núcleos originais do efetivo povoamento europeu no Planalto curitibano, tendo sido sua exploração iniciada por um grupo liderado por Baltazar Carrasco dos Reis, que se estabeleceu no Arraial por volta de 1660. Ainda em 1741, já em sua fase recessiva, a mineração nessas lavras era satisfatoriamente explorada por seus descendentes (COLNAGHI; MAGALHÃES; MAGALHÃES FILHO, 1992, p. 16).

    (...) E foi assim que surgiu o ARRAIAL GRANDE, primeiro núcleo populacional português em São José dos Pinhais. É difícil definir a sua localização exata. Segundo documentos da época, o povoado surgiu junto às margens do rio do Arraial, na serra do Mar, local por onde passava o Caminho do Arraial que ligava o litoral com as terras do planalto (MAROCHI, 2014, p. 55).




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