PARTE II CAPÍTULO I DE JOHANN GEORGE RAUPP A SEVERO DOMINGOS RODRIGUES PAIS

Severo e Anna com a neta Sônia, em seu batizado, 1962
Foto tratada e colorizada

PAIS


*Severo Domingos Rodrigues nasceu em 10 de janeiro de 1910 e morreu em 1987, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, casou com Anna Pereira Rodrigues (sua prima em primeiro grau) que nasceu em 1913, em Garopaba, Santa Catarina, Brasil e morreu em 1984, em Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Tiveram os filhos: Pedro, Eva, Gercy, Maria, Doraci, Teresa, Adão, Amin, Zamir, Manoel, Donatila e *Antonio.

Foram poucas as vezes que vi meus avós, pois moravam em Santa Catarina e eu no Paraná. Não era tão fácil para um mecânico, com sete filhos viajar com frequência, além de que quando viajava para visitar seus pais, tinha que revezar os filhos que o acompanhariam. Naquela época, pagar uma passagem de ônibus interestadual não era barato (pelo menos para o nosso padrão econômico).

Teve uma vez que estava tudo pronto para eu acompanhar meu pai até Porto Alegre, Rio Grande do Sul, para ver seu pai (mais tarde explico essa história dele morar no Rio Grande do Sul) e quando chegou o dia, peguei caxumba e minha irmã é quem foi no meu lugar. Não conhecia Porto Alegre e estava tão empolgada que com o rosto todo deformado de inchaço por causa da caxumba, ainda queria convencer minha mãe que não tinha nada.

Então, não tenho muitas lembranças dos meus avós, mas as poucas que tenho são muito boas. Lembro que meu avô teve uma gaivota. Ela ficava livre, mas sempre voltava para o seu quintal, que era o seu lar.  E meu avô, quando o peixeiro passava,  com uma caixa de isopor em cima da bicicleta e tocando a buzina da bicicleta para avisar que estava passando, então meu avô comprava peixe pra família e pra sua gaivota.

Falando em peixe, ainda hoje, sinto o cheiro da comida de minha avó: pirão de peixe com arroz branco. Apesar de não gostar muito de peixe, achava aquela comida deliciosa.

Meus avós eram pessoas gentis e se tratavam com muito carinho. Quando minha avó morreu, eu tinha sete anos e ainda lembro do dia. Nós, as crianças da família, saímos pedindo aos vizinhos as flores dos seus jardins para colocarmos no funeral de nossa avó. Ela sempre dizia que quando morresse queria que tivesse muitas flores.

Lembro da tristeza do meu avô, esguichando o perfume preferido de sua esposa em cima do seu caixão, dizendo que era para sentir uma última vez aquele cheiro. São lembranças como esta que devem ser eternizadas, lembranças de amor, apesar de triste.

Algum tempo depois meu avô começou a ficar doente, seu filho que morava em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, o levou para morar com ele. Poucos anos depois, meu avô morreu também, acredito que tenha morrido de amor, de saudade de sua amada.

Lembro das vezes que surpreendi meu pai sentado na beira da cama, lendo as cartas de sua mãe. Naquela época era por carta que se comunicavam e em casos de urgência, eram enviados telegramas. Mas o telegrama era mais usado para mensagens de morte na família (que foi o que ele recebeu quando seus pais morreram).

Mas, como dizia, meu pai sempre lia e relia as cartas de sua mãe e quando eu chegava no quarto, percebia que colocava as mãos nos olhos, como que secando as lágrimas. Lágrimas escondidas. Mas nunca conversamos a respeito, também, nunca lhe perguntei nada sobre o motivo, pois mesmo sendo criança, sabia qual era: a saudade.

Uma vez li num museu, sem autor, num quadro antigo, feito de tecido bordado à mão, a seguinte frase:

 “Onde dois corações batem com saudade, o amor dura até a eternidade”.

Anna e Severo

Abaixo, o registro do casamento de Severo e Anna: “Termo de Casamento nº 19  Aos 25 dias do mês de junho de 1932 na casa da residência do Sr. Davi Pereira Rodrigues neste Distrito de Paulo Lopes, presente do cidadão Alvim Manoel da Silveira, Juiz distrital, comigo, escrivão…e terem sido publicados os editais de proclamas de casamento 9 de junho do corrente ano e não tem sido oposto impedimento algum. Receberam-se em matrimônio Severo Domingos Pereira (tem uma observação ao lado direito da folha,  salvo em tempo o nome do contraente é Severo Domingos Rodrigues e não Severo Domingos Pereira)  e Anna Pereira Rodrigues, o contraente Severo Domingos Pereira solteiro, nascido a 13 de janeiro de 1908, filho legítimo de Domingos Pereira Rodrigues e Donatilla…” E por fim, Severo assina o documento como Severo Domingos Pereira.


Com a seguinte observação ao lado direito da folha:


Abaixo, a segunda folha do documento continua:”... Raupp de Sá, e a contraente Anna Pereira Rodrigues, solteira, nascida em 20 de maio de 1913, filha legítima de Davi Pereira Rodrigues e Maria Clarinda da Silva, ambos são naturais deste Estado e residentes neste Distrito…”


Referência: 

"Brasil, Santa Catarina, Registro Civil, 1850-1999", database with images, FamilySearch (https://www.familysearch.org/ark:/61903/1:1:W1FS-HJZM : 27 December 2020), Severo Domingos Rodrigues, 1932.

https://familysearch.org/ark:/61903/1:1:W1FS-HJZM


Adão (o tio Adão), irmão de Antônio, as fotos foram tiradas por Antônio, provavelmente na mesma viagem que fez a Santa Catarina para o batismo de sua primeira filha.
As fotos foram tratadas  e colorizadas. 


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