PARTE I Capítulo IX De Cacique Tibiriçá a Belmira dos Santos Rocha TETRADECAVÓS




 TETRADECAVÓS

*índia Bartyra M'Bicy, depois batizada como Isabel Dias, casou com João Ramalho, que nasceu em Viseu, Portugal, morreu em 3 de maio de 1582, em São Paulo de Piratininga, Brasil. Tiveram os seguintes filhos: Margarida Ramalho, Antônio de Ramalho, Antonia Quaresma, Marcos Ramalho, Francisca Ramalho, Victorio Ramalho,  Jordão Ramalho,   Joana Ramalho e *André Ramalho.
M'bicy (conhecida também por Bartira, Burtira ou Isabel Dias) foi uma índia tupiniquim paulista do século XVI. 

Uma das filhas mais reconhecidas do famoso cacique Tibiriçá, um importante líder indígena tupiniquim na época dos primeiros anos da colonização portuguesa no Brasil.

Presumivelmente em 1515, ela casou-se com o aventureiro-explorador João Ramalho de Portugal, com quem viveu por mais de quarenta anos. O seu nome foi "alterado" para Isabel Dias, depois que foi batizada na religião católica pelos Jesuítas, no planalto de Piratininga. Tiveram nove filhos juntos, e dessa união descendem inúmeras das mais tradicionais famílias paulistas atuais.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Bartira


João Ramalho foi um náufrago, ou degredado, que aportou à São Vicente, por causas ignoradas. No dizer de Azevedo Marques ( Apontamentos Históricos , Geográficos da Província de São Paulo, edição do 4º Centenário de São Paulo, 1954, Tomo II pg. 41 ) “ provavelmente fazia parte da expedição de João Dias Sólis ou de Fernando de Magalhães, que vieram à América aquele em 1513, e este em 1519, e ficaram ( ele e Antônio Rodrigues ) nas praias de S. Vicente...”etc. Varias e desencontradas são as opiniões de sua descendência segundo as antigas genealogias de Frei Gaspar da Madre de Deus, Pedro Taques de Almeida, o General Arouche de Toledo, etc. ).

Seu testamento, datado de 1580, extraído do Cartório de Notas, caderno rubricado por João Soares, tit. 1580 fls. 10, que pertenceu ao arquivo do velho José Bonifácio de Andrade e Silva diz : “...ser João Ramalho natural de Bouzella, comarca de Vizeu, filho de João Velho Maldonado e de Catharina Affonso de Balbode e que ao tempo que a esta terra ( Brasil ) viera, se casara com uma moça que se chamava Catharina Fernandes das Vacas, a qual lhe parece que ao tempo que se dela partiu para vir para cá, ficará prenhe e que isto haverá alguns 90 annos ( eu leio 70 anos, observa o copista aludindo a interpretação que desse algarismo fez o Padre Mestre auctor das Memórias Impressas ) que elle nesta terra está...”. ( Silva Leme, 9, pgs. 66 e 67 ). 

João Ramalho tem um passado cercado de mistérios. Sua chegada no Brasil não é documentada. São várias as hipóteses de como João Ramalho teria chegado no sudeste brasileiro. Uma delas é como um náufrago,  possivelmente até da armada de Pedro Álvares Cabral; outra hipótese é que Ramalho teria sido exilado por algum crime cometido em Vouzela (podemos colocar como crime aqui, também, o judaísmo); e a terceira hipótese é que ele teria sido voluntário para colonizar o Brasil após sua descoberta, para conquistar as terras no local ainda desconhecido.
Outro dado que torna misteriosa sua chegada no Brasil, e inclusive seu ano de nascimento, é a existência de uma Carta de Cavaleiro datada de 1487 com seu nome, ou seja, seis anos antes do seu suposto nascimento, em 1493. Ela está no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa, e significaria que João Ramalho foi "cavaleiro, guarda-mor" do rei D. João II.

Desde sua chegada no Brasil até 1532, não há muitas informações sobre o que aconteceu com João Ramalho. Ele encontrou índios tupiniquins, ou piratiningas, com quem passou a viver, e ficou próximo do cacique Tibiriçá ("vigilante da terra", na língua tupi), um dos principais líderes dessa tribo no Planalto Paulista. Sua aldeia seria, segundo algumas fontes, na região onde hoje fica o Largo de São Bento. 

Após sua aproximação, casou-se com uma das filhas do cacique, a Bartira ("flor de árvore", em tupi), que posteriormente seria batizada sob o nome cristão de Isabel Dias. Porém, como era de costume entre os índios da tribo, possuiu outras mulheres, inclusive algumas irmãs de Bartira. Formou, assim, uma forte aliança de sangue com os índios tupiniquins, uma aliança que, nas tradições indígenas, é para toda a vida. Segundo algumas fontes, se tornou inclusive influente entre os índios da aldeia, podendo arregimentar 5 mil índios em um só dia. 




Cerco de Piratininga
Os índios da tribo dos tamoios, ou Tamóias, que atacavam constantemente a região, não se intimidaram com a união das duas vilas, e fizeram planos para um ataque. Aliaram-se aos índios guaianases, aos tupis e aos carijós, e atacaram a Vila de São Paulo, em 1562. Os indígenas teriam chegado em uma manhã, e estavam pintados, emplumados e com grande alarido (gritaria), segundo relato do padre José de Anchieta. A coligação de índios teria mantido a vila sob cerco durante dois dias, chegando até a avançar dentro dela.

João Ramalho foi designado a capitão-mor da Praça ou de São Paulo (uma espécie de protetor da região) por decisão popular, e lhe foi atribuída a tarefa de comandar a resistência da vila. Ao lado de Tibiriçá. Ramalho e o povo de São Paulo conseguiram repelir os índios que cercaram a região.
Tibiriçá, em 25 de dezembro do mesmo ano, começou a ficar muito doente. Era vítima de uma peste. A notícia que estava mal e prestes a falecer reuniu muitos índios e padres da vila. À tarde, Martim Afonso Tibiriçá faleceu. Seu sepultamento aconteceu com pompa no Centro de São Paulo, onde foi enterrado e teve seu túmulo colocado na cripta da Igreja da Sé. No ato estavam presentes João Ramalho e sua família, a sua mulher Bartira (M'bicy), os seus muitos filhos e netos. O local de importância de seu enterro foi escolhido como reconhecimento à sua bravura nas batalhas em que protegeu a região.

Como gratidão ao serviço prestado na vila, João Ramalho teria sido novamente eleito vereador de São Paulo, em 1564. Porém, já velho (por volta dos setenta anos), Ramalho recusou o posto, como consta da ata da Câmara Municipal de 15 de fevereiro de 1564. Ramalho decidiu então abandonar o Planalto Paulista, e foi morar em uma cabana rústica no vale do Paraíba, onde se hospedou na casa de Luís Martins.

Já adoecido, João Ramalho chamou então, em 3 de maio de 1580, o tabelião Lourenço Vaz, e ditou para ele seu testamento. O documento foi transcrito nas notas do tabelião na vila de São Paulo. Nele, estava narrada a vida de João Ramalho. Frei Gaspar da Madre de Deus alegou mais tarde que possuía uma cópia do documento original, mas poucas pessoas de fato tiveram acesso ou manusearam o testamento de Ramalho. Faleceu então dois anos depois, em 1582, em local desconhecido na selva.

Abaixo, caso tenha interesse, poderá ver o vídeo que fala sobre a história do Brasil, sobre os Bandeirantes. João Ramalho, Tibiriçá e seus descendentes são citados.


Referência:

URL: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cerco_de_Piratininga#O_cerco

URL: https://pt.wikipedia.org/wiki/João_Ramalho

Genealogia Paulistana, Luiz Gonzaga da Silva Leme (1852-1919), Volume I - Pág. 1 a 48, Introdução, Cruzamento da raça européia com a indígena de S. Vicente e S. Paulo,  Pág. 1




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